terça-feira, 20 de outubro de 2009

Divã



Uma novela irônica, bem-humorada e sagaz
sobre uma mulher que aos 40 anos decide fazer análise

Editora: Objetiva
AutorA: MARTHA MEDEIROS
Ano: 2002
Número de páginas: 156

"Divã" conta a história de Mercedes - uma mulher com mais de 40, casada, filhos - que resolve fazer análise. O que começa como uma simples brincadeira acaba por se transformar num ato de libertação; poético, divertido, devastador. Movida pela angústia existencial , que se não é coisa triste tampouco é libertadora, a busca da protagonista de Marta é universal e atemporal: quer descobrir , entre todas aquelas que ela é , quem é a chefe, quem manda dentro dela. Marinheira de primeira viagem em terapia a personagem encara o consultório como se fosse uma espécie de alfândega que vai dar o visto para ela passar para o lado mais oculto de sua personalidade. Na verdade, o mundo inventado por sua protagonista é abertamente inspirado na realidade que ela captura em suas deliciosas crônicas. Mercedes é uma mulher que se parece um pouco com todas nós. Divertida, pragmática, inteligente e - sim, por que não? - superfeminina. É do tipo corajosa, daquelas que não têm medo de nada. Capaz de administrar bem a casa, os filhos, o marido e até mesmo seus ataques de vaidade. Ela nos parece muito segura de si, daquelas que possuem controle sobre tudo. Será? Ao decidir pela análise, nossa protagonista descobre que controle é uma palavra bastante frágil - ´não tenho medo de perder o senso. Eu tenho medo é desta vigilância interior, tenho medo do que impede de falhar´. Ao se deitar naquele divã, Mercedes se dá conta de suas armadilhas cotidianas. Ao entrar neste jogo catártico, Mercedes nos confidencia que a liberdade é atraente quando nos parece uma promessa, mas pode nos enlouquecer quando se cumpre. Dona de um texto simples e brilhante, Martha seduz com uma narrativa envolvente e catalisadora e transforma o leitor a princípio numa espécie de voyer, conduzindo-o por uma espiral de acontecimentos reveladores. Ao final da leitura somos surpreendidos e, além de nos tornamos cúmplices das loucuras, conflitos, e questões existenciais de Mercedes, constatamos que em vários momentos estávamos deitados em nossos próprios divãs.

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